quarta-feira, 12 de junho de 2013

Fibro Edema Gelóide: A tão odiada "CELULITE" !

Olá meus amores! Tudo bem com vocês? Já tem um tempinho que não posto nada, principalmente em relação a estética corporal. Então, hoje para me redimir, vou postar a respeito de um assunto que aterroriza as mulheres! Exatamente o que vocês pensaram...vou postar sobre a mais famosa e odiada disfunção estética: CELULITE!!!
Em primeiro lugar, é válido comentar que o termo "celulite", embora seja popularmente conhecido, é empregado de forma errônea quando se trata de uma desarmonia estética corporal. Clinicamente falando, celulite é uma condição clínica infecciosa, normalmente causada por uma bactéria, que leva o comprometimento da pele e tecidos logo abaixo da mesma. É uma condição grave, que se não tratada pode até levar a morte. Diferentemente da disfunção estética, que promove além de outros sinais e sintomas, a tão conhecida e odiada "pele em casca de laranja". Para esta condição estética, atualmente vários termos são empregados, na tentativa de adequar o nome às alterações histomorfológicas encontradas. Dentre estes, o mais comumente utilizado para denominar a popular "celulite" é o FIBRO EDEMA GELÓIDE (FEG) ou ainda um termo mais complexo: DERMATOPANICULOPATIA EDEMATO-FIBRO-ESCLERÓTICA! Feiiiiiinho o nome, né? Rs!

A FEG trata-se de um conjunto de alterações estruturais no tecido dérmico (pele), subcutâneo (adiposo) e na microcirculação que resultará no inestético, odiado e desagradável aspecto, que pode acarretar problemas álgicos (dolorosos) nas zonas acometidas, alterações funcionais em membros inferiores e até problemas emocionais.

Vou tentar descrever a histopatogenia da "celulite" de uma forma resumida: Em síntese o tecido acometido por essa disfunção, trata-se de um tecido mal-oxigenado, subnutrido, desorganizado e sem elasticidade, resultado de alterações  na derme e hipoderme (pele e gordura) e também no sistema circulatório.
A instalação da disfunção pode ocorrer por uma hipertrofia de adipócitos (aumento das células de gordura) e isso desencadear uma compressão nos vasos existentes entre essas células, levando a uma estase e desencadeando uma série de reações, que culminará em um círculo vicioso, como também, pode iniciar por qualquer fator que leve a um desequilíbrio hemodinâmico, causando uma alteração do gradiente de pressão hidrostática e osmótica. Para quem não é da área ficou meio complicado de entender, né? Vamos a um exemplo, que ficará mais fácil: O uso de anticoncepcionais em uma mulher que esteja dentro do seu peso, mas com "celulite" poderia ser desencadeado pelas alterações na microcirculação desencadeada pela ação hormonal.

Então,
O aumento das células de gordura (hipertrofia de adipócitos) comprime os vasos circulantes o que resulta na diminuição da drenagem do líquido intercelular e este aumento de conteúdo irá comprimir ainda mais esses vasos circulantes, causando no interior do mesmo uma estase venosa (diminuição na velocidade da circulação), o que resulta em alterações na parede dos vasos, aumento da permeabilidade capilar, extravasamento de maior quantidade de líquido para o espaço intersticial, assim como a passagem de substâncias de alto peso molecular, causando um desequilíbrio das pressões que estabelecem a homeostasia e consequentemente edema intersticial. Este por sua vez, promoverá uma polimerização da substância fundamental com irritação das estruturas circunvizinhas e reações químicas que por sua vez promoverão estimulação fibroblásticas, resultando no aumento da síntese de colágeno, porém de um colágeno desorganizado, culminando na fibrose do tecido e no círculo vicioso. As imagens abaixo facilitaram a compreensão:

Tecido Normal

Tecido Acometido


Esquema:

Hipertrofia de adipócitos ---- comprometimento na drenagem do líquido intersticial ---- compressão dos vasos circulantes ---- estase --- alterações na parede dos vasos --- aumento da permeabilidade ---edema intersticial --- polimerização da substância fundamental --- irritação das estruturas circunvizinhas --- reações químicas --- estimulação fibroblástica --- fibrose --- estase --- círculo vicioso.

Etiopatogenia:
A FEG é uma disfunção multifatorial, ou seja, vários fatores contribuem para seu estabelecimento e evolução. Esses fatores, didaticamente podem ser subdivididos em 2 grupos:
Fatores Predisponentes:
Genéticos 
Idade
Sexo 
Desequilíbrios Hormonais

Considerações: 
Presença de gens que determinaria o acometimento do tecido em determinas áreas (aptidão individual geneticamente determinada). Exemplo: História familiar de celulite e problemas de retorno venoso de membros inferiores.
Alguns autores estabelece um carácter sexual feminino para a FEG já que a mesma acomete aproximadamente 95% das mulheres, devido a própria disposição histoanatômica e a relação da disfunção com os ciclos metabólicos inerente ao sexo feminino, tais como puberdade, ciclos menstruais e o período gestacional. Lamentavelmente, meninas...tudo culpa do estrógeno!!! Ele é o principal hormônio envolvido e responsável pelo agravamento da celulite. 

Fatores Desencadeantes:
Emocionais
Hábitos Alimentares
Hábitos Tóxicos
Hábitos Posturais
Sedentarismo
Vestuário
Patologias de base

Considerações:
Gostaria de dizer que se trata de "mito" mas absolutamente NÃO! Aquela história de que somos reflexo do que comemos é verdade! O aumento da ingestão ou uma dieta rica em gorduras e carboidratos ou mesmo a pouca ingestão hídrica e o excesso de sal agravam a microcirculação pois aumentam a resistência capilar, além dos excessos alimentares contribuir para o acúmulo adipocitário (células de gordura "mais gordinhas"). Então, açucares refinados, alimentos gordurosos, refrigerantes, chocolate, etc contribuem sim para os terríveis e odiados "furinhos" na pele. Assim como o uso de café, fumo e anticoncepcionais, pois promovem alterações na microcirculação. Roupas apertadas também são fatores desencadeantes já que também causam compressão na microcirculação por um longo período.



Para que um tratamento seja bem sucedido, o profissional deve realizar uma avaliação minuciosa. É importante realizar um interrogatório bem conduzido, colhendo informações preciosas para que orientações sejam realizadas e na medida do possível, o paciente tente ir eliminando os fatores desencadeantes. Desta forma, os hábitos diários e os antecedentes patológicos, hereditários e psicológicos devem ser investigados.
Na inspeção o profissional deve ficar atento aos desvios posturais; alterações de cor da pele e das deformações na mesma; distribuição da gordura; presença de estrias; teleangectasias; varizes e edema.
Na palpação deve-se avaliar a elasticidade do tecido através de uma prega com os dedos e sentir a resistência oferecida, a seguir, soltar a pele, e observar o tempo de retorno. Avaliar também a plicabilidade, ou seja, a resistência oferecida ao se fazer uma pinça no tecido. Nos tecidos normais o tecido oferece resistência, o que torna-se mais difícil efetuar uma prega abrangendo pele e tecido adiposo, diferente em casos mais avançados de celulite, onde a manobra é realizada sem muita dificuldade. Deve-se verificar a presença de nódulos e edema nas áreas avaliadas.

A FEG pode ser classificada em graus (que estaria relacionado a evolução) e em formas clínicas.

Evolução

Grau 1: É a celulite mascarada! Em outras palavras é aquele estágio em que a mesma necessita de uma compressão da pele para ser visualizada, seja por contração muscular ou por manobras de pinçamento. Ela está ali, mas passa imperceptível, exceto nas situações comentadas.

Grau 2: As alterações cutâneas tornam-se perceptíveis à mudança de posição, ou seja, é aquela situação em que não é necessário uma contração muscular ou um pinçamento para os odiados furinhos aparecerem, eles estão evidentes mesmo no repouso, contudo tendem a alterar sua apresentação com a mudança de posição. Ex.: São evidentes quando a mulher está em pé ou sentada, mas é atenuada ou some quando a mulher está deitada.

Grau 3: Nesse estágio os sinais são evidentes em qualquer posição corporal. Normalmente a pele está flácida e são visíveis as alterações de relevo como os nódulos, além da sensibilidade está aumentada na região.

*Grau 4: Alguns autores consideram mais esse grau, que na prática seria o grau 3 acentuado. Com alterações circulatórias importantes, presença de microvarizes, telectasias e diferença de temperatura.


Formas clínicas

Celulite Dura ou Compacta: Nesta forma, não são comuns as grandes deformações. É a forma mais encontrada em mulheres que praticam atividade física, inclusive naquelas com musculatura bem definida, sendo mais comum na parte inferior do corpo. Tipo de FEG em que o tecido oferece resistência a mobilização.

Celulite Flácida: É a forma clínica mais frequente e sua incidência é maior em mulheres após os 40 anos. Apresenta normalmente importantes alterações anatômicas estéticas, a famosa apresentação em "casca de laranja". A musculatura encontra-se hipotônica e observa-se oscilação dos tecidos superficiais ao movimento.

Celulite Edematosa: Nessa apresentação os sinais circulatórios são mais evidentes, mostrando uma insuficiência de retorno veno-linfático.  Nota-se a presença de uma fragilidade capilar com varizes, teleangectasias, edema, além de ser comum a sensação de pernas cansadas e fadiga muscular. 

Diversos recursos podem ser utilizados no tratamento da FEG, desde de procedimentos cirúrgicos, terapia medicamentosa, uso de cosméticos, eletroterapia, acupuntura e terapia manual. A medida que eu for postando sobre  algum recurso, comentarei como o mesmo age de forma benéfica na FEG.

Espero que vocês tenham gostado desse post. Acho que ele acabou ficando mais direcionado para quem é da área, mas enfim...espero que ele tenha ficado o mais claro possível!

Bjinhos,
Lane Rasteli









2 comentários:

  1. Gostei Lane, você explica de uma maneira fácil de entender essa terrível( celulite) que não tem nada a ver o nome pra ela, mas que se tornou popular e não tem como mudar. No meu curso eu ja aprendi como HLDG (hidrolipodistrofia ginóide).Aprendi mais um pouco hoje contigo. Obrigada.

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  2. Pois eh Maria de Lourdes, existem vários nomes que são utilizados para nomear essa disfunção, não citei todos, mas também já vi alguns materiais com o termo de Hidrolipodistrofia Ginóide! Fico feliz que tenha gostado do meu post! Obrigada!!! Bjinhos

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